Eutrophos

A eutrofização das águas superficiais começou a verificar-se há cerca de 2 séculos, mas é a partir da década de 50, com a automatização da agricultura, com o incremento do uso de fertilizantes azotados e fosfatados e com o aumento das áreas urbanas, que os seus efeitos se tornaram mais notórios. Lagos e albufeiras, com a acumulação de sedimentos e matéria orgânica, são zonas particularmente vulneráveis àquele fenómeno, verificando-se falta de oxigénio nas camadas mais profundas, e em alguns casos, em toda a coluna de água, resultando em períodos de má qualidade da água e consequente morte de peixes. Se a eutrofização estiver associada ao crescimento de cianobactérias no fitoplâncton, com consequente libertação de compostos tóxicos, a gravidade do problema é ainda maior. O crescimento das cianobactérias é limitado principalmente pela presença de Azoto (N) e Fósforo (P). As cianobactérias conseguem fixar o N atmosférico, tornando-se as espécies dominantes durante os períodos de escassez de N na água.
Uma vez que o N atmosférico está sempre disponível, a multiplicação das cianobactérias é controlada pelos níveis de P na água. A bacia hidrográfica e a albufeira do Enxoé pertencem à lista de albufeiras portuguesas onde fortes crescimentos de cianobactérias foram identificados, tornando-a indicada para o estudo deste problema.
O P pode ser proveniente da agricultura e de águas residuais urbanas e industriais. Em condições aeróbias, o P é adsorvido a alguns compostos de Al e/ou Fe existentes na matéria particulada e, consequentemente, o seu destino é determinado pelos processos que afectam aquela, tais como a erosão dos solos, acumulando-se nas albufeiras, onde a velocidade da água é reduzida. Os detergentes arrastados nas águas urbanas eram, até à década de 90, a maior fonte de P. Com as modificações na sua composição e remoção de P nas estações de tratamento de águas, as actividades agrícolas e pecuárias tornaram-se a maior fonte emissora, estando o seu controlo directamente relacionado com o da erosão do solo.
O projecto pretende: i) compreender a contribuição do P proveniente da agricultura nas águas superficiais, como função das culturas e práticas agrícolas, nomeadamente o regadio; ii) extrapolar resultados para toda a bacia hidrográfica; iii) melhorar os modelos existentes de simulação dos processos nas bacias e albufeiras existentes e determinar as cargas máximas diárias de sedimentos para a albufeira e iv) quantificar o impacto económico e social resultante de mudanças de práticas agrícolas.
O projecto conta com a experiência dos parceiros no controlo da erosão, física do solo, química do solo, rega e modelação. Terá 5 tarefas: 1- Quantificação da erosão e perdas de nutrientes associados, em função dos diferentes usos do solo e sistemas de rega associados; 2- Monitorização dos nutrientes na albufeira do Enxoé; 3- Modelação dos processos na bacia hidrográfica e na albufeira;4- Quantificação dos impactos ambientais, económicos e sociais resultantes de mudanças das práticas agrícolas e 5- Gestão do projecto e disseminação dos resultados.
O projecto conta com equipas de duas Universidades e do Instituto Nacional de Recursos Biológicos (INRB).